Eu nunca vou crescer. Nem eu, nem Nick Hornby, um dos meus autores prediletos. Nick e eu, eu & Nick. Nós somos pop num mundo em que pop não é Skank ou E L James.
Nick Hornby escreveu uma porção de livros que foram importantes para minha formação de leitora, de escutadora e de redatora. Eu poderia estar roubando, eu poderia estar arrotando Dostoiévski, mas estou aqui, na ressaca do Natal, confessando um autor pop que foi mais do que relevante na composição dessa personagem encantadora que encarno todo dia no Truman Show. Músicas do Alta Fidelidade, crises de Um Grande Garoto, sabedorias do Boas Novas em Como ser Legal (meu manual). E, agora, convivo com Frenesi Polissilábico, o título que poderia ser do meu livro caso eu tivesse a pretensão de escrever um.
O Miguel entrou no Bondinho da Rua XV semana passada (que voltou a ser biblioteca – ~Casa de Leitura~ – há algum tempo: confira mais informações no espetacular site da Fundação Cultural) e descobri que ali eles emprestam livros infantis e de gente grande. Ele escolheu um, pra mim peguei esse título supracitado, que eu nem sabia que existia. Ele é composto por um apanhado de resenhas que Nick Hornby escreveu para uma revista de literatura norte-americana (estadiunidense; perdão) chamada The Believer. E aqui vamos mudar de assunto.
The Believer é uma publicação voltada à literatura. Entrevistas, resenhas, sugestões, gente linda falando do que gosta, sem limitações – exceto que não pode falar mal. E é aí que tudo fica diferente. Os caras te mandam meia dúzia de títulos em um mês. Você lê todos. Não gostou de nenhum? Ok, não haverá publicação assinada por você na próxima edição.
Pensei pouco sobre o assunto, mas até agora só vi vantagem nessa postura. Me emocionou. Sou livre pra escolher ler as resenhas de um autor (ou crítico) em quem confio, que admiro e com quem tenho afinidades. Pra quê eu vou querer saber do que esse cara não gostou? Não é muito mais positive vibrations (sempre vai ter Bob nos meus posts? Fica a questão) apenas ficar sabendo do que ele gosta, ir atrás e, quase certo, gostar também? E aí recomendar pros amigos e pros inimigos, pra quem nunca leu, pra quem talvez leia, pra quem vai se comover? Falar mal é chato e mais difícil. Dá um trabalho danado gastar caracteres e linhas e parágrafos pra, no fim das contas, significar apenas “bosta”: palavra de quem escreveu duas resenhas na vida – a primeira, publicada, de um livro adorável; a segunda de um livro sinistro, chato, boçal: vetada.
No que você estaria pensando agora se não pudesse falar mal? Do que (de quem, pior) estaria rindo? Tá mordendo a bochecha frente à pobreza desse meu textinho? Pois é. Poderia estar lendo coisa mais bacana, escrita por alguém melhor e mais interessante, que tal? Poderia estar ESCREVENDO, ahm? Vai lá. Eu acredito.
PS: no caso de não entender inglês ou estar com preguicinha, você pode se contentar com as figurinhas de uma das publicações com a melhor identidade visual das galáxias. Tudo obra de um moço chamado Charles Burns – aqui tem um trecho de uma entrevista com ele.
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