Com os dedos às têmporas, tinha o olhar fixo em sua mesa. Não em algum pedaço de papel específico, nem nas canetas, nem na caneca de café já frio. Era um olhar perdido, indeciso entre as lembranças do dia passado e as desesperanças do dia porvir.
Não conseguia mais se envolver completamente. Nem em batalhas, nem em conversas, nem com pessoas.
Receava que, a cada esbravejo, distanciava-se mais de seus aliados.
Considerou que estivesse numa das tais encruzilhadas da vida. Daquelas onde o homem tem que decidir qual caminho tomar. Onde o destino exige um compromisso sem volta. Mas a situação não lhe parecia tão eloqüente, não havia pompa alguma. Sem tomadas longínquas, sem poeira levantando da estrada, sem conselheiros invisíveis. De fato, não poderia ser uma encruzilhada. Não havia alternativas. Somente as mesmas trilhas enevoadas que sempre seguiu.
A angústia da espera pelo incerto.