Meio, raça e momento. Guiará o determinismo também o gosto musical das pessoas? E os lapsos momentâneos da razão. E os micro estampidos a revelia da previsão universal. Coincidências ou confluências atômicas que ramificam o curso corrente em infinitas realidades.
Aos 16, pensava que eu, como Sheena e Judy, seria um punk rocker para sempre. Realmente acreditava, sadia rebeldia juvenil.
Finest Worksong. Segunda música do concerto do R.E.M. em Joanesburgo, dia 11 de março. A seriedade com que o Michael Stipe conduz o show é exemplar. Sem sorrisos gratuitos, sem tchauzinhos para a platéia. Se é arte e não implica realidade, uma alternativa é dramatizar de verdade. Se o U2 ou os Rolling Stones montam um mega-circo, mil luzes, fazendo de um show de rock um evento estelar, o R.E.M. escolhe a sobriedade para transmitir suas energias. Não me lembrava da última vez em que tinha ido a um desses grandes concertos onde não houvesse luz estroboscópica no palco. Sem pisca-pisca. Isto é sério.
Ao invés de dois telões laterais, como de costume, a mostrar os detalhes e feições das celebridades no palco, o R.E.M, na turnê Around The Sun, escolheu ter um telão bem acima do palco, a frente dos músicos. Através da tela larga, cada rosto dos integrantes, cada olhar, sérios, performáticos. Como um palhaço triste, Stipe entra com uma máscara negra pintada de orelha a orelha. Os movimentos são ensaiados. As tomadas são planejadas. Os efeitos no telão transformam o show em um videoclipe em tempo real. E sério. E que videoclipe, e que performances.
Tenho certeza que, se Deedee e Joey tivessem ido ao show, teriam gostado tanto quanto eu.